ESPERA-ME

Espera-me com versos!

Inventa palavras para me falar aos ouvidos,

A pele escuta e responde em arrepios.

Deita-te em nuvens forradas de algodão,

Afofa um cantinho do seu lado

Espera-me com paixao,

Cala-me o sofrer desse meu fado

Em notas tristes  do passado

Espera-me com o carinho de tuas mãos

A tatear-me o corpo todo

Escalando encostas

Descortinando mitos de grutas inexploradas,

Enche-me com o vazio de regras e senões

Dá-me o gosto de tuas seduções

Do vento das vontades que se escondem

Atrás das montanhas, meus montes

Toca sua extensão ericando –lhes o desejo,

Colha-me nos labios mil beijos!

Entrega-me teus versos, não mais espera,

Acalma-me a fera!

RETICÊNCIAS

Vai antes que eu desista da poesia…

Que meus versos sejam amordaçados pela tua demora em ir.

Sei que se não fores não voltas.

Prefiro degustar no amanhã tua volta

A segurar-te em minhas poesias sedutoras.

Quero acasalar nossas rimas e prosas

Nos gemidos de minha cama poética,

Quero esperar-te perfumada de alfazema

Para usar-te como meu tema!

Assim explico minhas reticências, 

Da poesia, minha quase desistência...

Café da Manhã

Somos o amanhecer a sorver o vício,

Bocas que em fervor refazem o gosto...

O leito se faz mesa

Desse aconchego de almas.

Mãos que buscam peles...

Aromas quentes de amor,

Um beijo  que nos acalma,         

O sol se atreve pelas frestas

Tentando acender o dia...

É meu deleite em teus lábios,

O gosto de amor nessa manhã

É ouvir dos anjos o canto.

Peças que se encaixam perfeitamente

São corpos lado a lado, ternamente

Envolvidos em cetins

Somando sabor ao nosso café

Nessa manhã de amor, quase fé...